Quem somos nós?

Faz tempo que queria escrever no blog sobre a figura do publicitário. Quais são nossas características, nosso papel e toda aquela lenga-lenga que outros sites e blogs já trataram com bastante propriedade.

Essa semana estava ouvindo o cd acústico dos Engenheiros do Hawaii. Puxa vida, o Gessinger é um pooouta “letreiro” de banda. Como poucos ele consegue tratar assuntos banais como se fossem únicos.

Enfim, voltando ao nosso assunto; ao ouvir a música Terceira do Plural na hora levei um tapa na nuca. “Pô, esse cara está falando de nós!”. Realmente não sei se foi essa a intenção do pessoal do Engenheiros, mas que serve como um molde para muitos de nós, serve sim.

Engenheiros do Hawaii - Terceira do Plural

Corrida pra vender cigarro
Cigarro pra vender remédio
Remédio pra curar a tosse
Tossir, cuspir, jogar pra fora

Corrida pra vender os carros
Pneu, cerveja e gasolina
Cabeça pra usar boné
E professar a fé de quem patrocina

Eles querem te vender...
Eles querem te comprar...
Querem te matar (a sede)
Eles querem te sedar!

Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?

Corrida contra o relógio
Silicone contra a gravidade
Dedo no gatilho, velocidade
Quem mente antes, diz a verdade

Satisfação garantida
Obsolescência programada
Eles ganham a corrida
Antes mesmo da largada

Eles querem te vender...
Eles querem te comprar...
Querem te matar (de rir)
Querem te fazer chorar

Quem são eles?
Quem eles pensam que são?
Quem são eles?
Quem eles pensam que são?

Vender...comprar...
Vedar os olhos...jogar a rede...contra a parede
Querem nos deixar com sede
Não querem nos deixar pensar!

Quem são eles?
Quem eles pensam que são?

E aí, você é um deles?

Devagar. Quase parando.

Senhores arcaicos que vivem a fazer palhaçadas em nosso Senado. Pelo amor dos deuses que regem esse universo. Agilidade. Pensem na vida de vocês como uma continuidade, não como forma de sugar nossas energias para empanturrarem suas contas.

Ah, senhores clientes. Agilidade serve para vocês também. Como obter uma campanha genial se cada poro que respira em vossas peles clamam por alterações?

Senhores publicitários, agilidade nós sabemos muito bem o que é. Quem discorda levanta a mão!

Anedota da tia Maricota

Era uma vez um Publicitário. Ele estudou, estudou e uma das melhores formas de obter resultados para seu cliente criou.

Feliz da vida sua cria apresentou e, com muito medo, o cliente tudo alterou.

No fim das contas fumo o cliente levou e a bela campanha estragou.

Alguém por essa anedota já passou?

A necessidade de entreter

Puxa vida! A cada dia que passa percebo que a publicidade está ficando mais debilizada. Pô, mas espera aí, Thiagão. Debilizada? Como assim? Nós publicitários achamos que a galerinha que lê nossos formidáveis anúncios estão cada vez mais analfabetos, desinteressados e apáticos. Isso mesmo. Não gosta de ler, escrever. Bem guela a baixo mesmo.

Mas bichô, temos o dever de ajudar a reverter essa situação. O dever de entreter. Entreter no sentido de divertir, recrear. Isso mesmo, pombas! E digo mais, entreter com conteúdo. Se nosso formidável papel é esse e não fazemos, logo temos uma parcela de culpa.

Eu não gosto de me sentir culpado e muito menos quero contribuir para construção de uma sociedade vazia. Propaganda não é saber elaborar uma peça visualmente bela e pronto. Pau na máquina. Vamos que vamos. Solta aí que tudo vai dar certo.

Passou o momento de tomarmos uma boa dose de semancol e começarmos a agir. Antes de criticar nossa geração e mencioná-la como geração dos preguiçosos, façamos nossa parte.

Com entonação de mãe irritada ao dar um conselho, suplico: voltemos a pensar em propaganda como forma de educação e entretenimento.